Eu, como um bom Baby Boomer, me lembro muito bem daqueles chefes dinossauros que eu tive nas décadas de 60 e 70. No entanto, não são lembranças boas não viu, que horror, como era terrível ter um chefe dinossauro naquela época. Mesmo assim, tínhamos que trabalhar.

As mesas dos funcionários eram normalmente pequenas em formica ou de madeira simples, todas ladeadas por um curto espaço e de frente para a mesa do chefe dinossauro, que era uma mesa enorme em madeira maciça e com vidro elegante por cima, com cadeira alta e toda almofadada. Pois bem, não podíamos sequer conversar ou trocar ideias que o chefe já olhava feio e fazia sinal para parar de falar e trabalhar.

Lembro que não havia máquinas de xerox, tinha somente uma máquina enorme com um buraco no meio para dar entrada com o documento a ser copiado, mas tinha que ser dentro de uma rede porque a máquina esquentava demais e o documento poderia sair queimado, essa máquina chama-se Thermo Fax e se o dinossauro pegasse a gente tirando uma folha de algo particular, sai de baixo, era uma bronca terrível que a gente até tremia de medo.

Normalmente, o horário de chegada pela manhã era às 8:00 e tínhamos até 10 minutos de tolerância mas se chegássemos depois desses 10 minutos, meu Deus que agonia, o dinossauro dava uma bronca tremenda e mandava de volta para casa, e acabávamos perdendo o dia e o domingo. Trabalhar em casa ou levar serviço para trabalhar em casa nem em sonho, jamais era permitido ou remunerado, o dino não confiava de jeito nenhum.

Batíamos o chamado “cartão de ponto” em uma máquina que fazia um barulho tremendo, isso às 17:00 horas, mas se o dino pegasse a gente no banheiro às 16:50 horas ficava muito nervoso e dava uma suspensão de 1 ou 2 dias.

Eu lembro no início que eu era Aprendiz de Arquivista e ganhava meio salário mínimo, que na época era de Cr$ 60,00 sessenta cruzeiros, mas e o medo de chegar perto do dino e pedir alguma ajuda de custo, chegava até a tremer as pernas, enfim o salário só dava para o ônibus e comer um lanchinho à noite no curso de admissão ao ginásio, onde na outra sala tinha o curso de datilografia.

Mas todos os funcionários tinham muito medo do chefe dinossauro, porque qualquer palavra era considerada falta de respeito e tínhamos medo de perder o emprego porque era muito difícil conseguir outro emprego.

Gente, não era fácil trabalhar com chefes dinossauros mas graças a Deus eu vivi para ver os líderes do século XXI.